Disortografia: Sintomas, o que é, e qual o melhor tratamento

O que é Disortografia? Veja todos os detalhes.

Disortografia é uma incapacidade ortográfica, que infere no aprendizado de muitas crianças. Essa dificuldade tem correlação com as crianças com dislexia, que por sua vez já carregam esse transtorno que dificulta bastante seu relacionamento escolar. Vamos entender melhor o que é a disortografia, quais os sintomas e o melhor tratamento.

O que é Disortografia?

A disortografia é uma incapacidade de aprendizagem que se caracteriza por dificultar a criança na hora de escrever sem que haja erros ortográficos. A fixação das regras ortográficas não ocorre, e, desta forma, a criança terá na escrita omissão de grafemas, dificuldade na segmentação e substituição também nos grafemas. No entanto, é uma dificuldade difícil de identificar e ocorre com maior frequência quando a criança tem dislexia. 

Com isso, a parte da oralidade também se torna desafiadora, bem como a produção de textos. 

Na disortografia, a maior dificuldade está na escrita e não na leitura. Por quê? Porque na leitura, as palavras já são conhecidas e é apenas necessário codificar as palavras para que elas sejam lidas, isso a partir do que a criança tem como repertório de leitura. Entretanto, na escrita, novas conexões estão sendo criadas, e o modelo gráfico ainda não está interiorizado. 

A disortografia não tem relação com a inteligência e nem com condições sensoriais. Ainda há poucos estudos na área. Porém, em um estudo publicado em 2020, é possível analisar que os casos de disortografia passam a ser percebidos com mais frequência no 3° ano do ensino fundamental. Ainda segundo o estudo, a letra da criança será falha, pois ela pode apresentar também dificuldades no ato motor. 

Por outro lado, a disortografia apresenta fenômenos como a dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem e transtorno na hora de escrever um texto. Apresenta uma escrita com omissões de letras, alternância de palavras e desordem na estrutura da frase. Além disso, a criança pode aglutinar palavras e ter uma linguagem defeituosa, mas não referindo à falta de correção motora. 

Já a Dislexia tem origem neurológica, que pode estar associada. Sua maior característica é a dificuldade fluente na leitura, contudo, torna o indivíduo menos capaz na ortografia. Ou seja, surgem dificuldades de compreensão ao ler, o que impede o desenvolvimento do vocabulário em geral.

Sintomas da Disortografia

Disortografia: Sintomas, o que é, tratamento
Imagem: Divulgação.

Os sintomas mais comuns da disortografia estão relacionados a fatores no processo de leitura e escrita. Crianças com disortografia demonstram esses sintomas por meio de diversos erros ortográficos. Apesar de ser considerada uma condição distinta, muitos autores a relacionam como uma consequência aparente da dislexia.

A disortografia é uma Perturbação da Aprendizagem Específica com Déficit na Expressão Escrita que afeta diretamente a ortografia do indivíduo. Além dos erros ortográficos, outros sintomas incluem imprecisões gramaticais, problemas de pontuação e dificuldades na organização de frases e na expressão escrita. É importante ressaltar que a disortografia é frequentemente associada à dislexia, portanto, não é considerada uma doença, mas sim uma perturbação.

Essa perturbação torna a escrita correta um desafio para a criança. O termo “disortografia” deriva da palavra “dis”, que significa desvio, “Orth”, que significa correto, e “graphos”, que significa escrita. Isso reflete, sobretudo, a dificuldade em escrever de forma precisa.

No dia a dia, é possível observar a criança na sala de aula e em casa enfrentando dificuldades, como lembrar a sequência correta de palavras e frases. Esse é um sintoma comum, pois a criança pode levar mais tempo para concluir uma tarefa. Durante atividades ou brincadeiras, é notável a dificuldade em distinguir palavras com sons semelhantes, e é frequente que essas palavras sejam escritas de forma incorreta.

Além dos sintomas básicos visíveis durante a atividade, o emocional também é afetado, uma vez que a auto estima é atingida e o nível de frustração aumentado, causando estresse.

Sinais de que a criança tem Disortografia

A disortografia é suspeita de ter origens na aprendizagem incorreta da leitura e escrita durante as fases iniciais de educação. Além disso, pode resultar em inseguranças ao escrever. A falta de compreensão das regras gramaticais pode levar a erros ortográficos quando existem lacunas no conhecimento da língua.

Crianças com disortografia frequentemente enfrentam dificuldades na execução dos processos cognitivos subjacentes à preparação e composição de textos. Eles têm extrema dificuldade em organizar seus pensamentos de acordo com as regras gramaticais. Como resultado, a expressão escrita pode ser desorganizada e confusa.

Essas dificuldades podem se manifestar em vários aspectos, incluindo erros na pontuação, devido às dificuldades no processamento fonológico e ortográfico. Além disso, a grafia das crianças com disortografia pode ser inconsistentemente proporcional, com muitas rasuras ao longo do texto.

Veja agora os sinais que a criança tem disortografia:

1. Incorreções ortográficas diversas

  • Adição de silabas ou letras. (come por comere).
  • Substituição de letras com semelhança de som. (verdade por ferdadade)
  • Substituição com semelhança de formas. (bala por pala).
  • Inversão de silabas ou letras. (branco por barnco)
  • Dificuldade em separar palavras.
  • Omissão de silabas ou letras. (branco por braco)
  • Regras da gramática aplicadas de forma errada. (forneceram por fornecerão).
  • Não faz associação entre fonemas e grafemas.
  • Erros morfológicos, por exemplo, dificuldade em entender plurais.
  • No conteúdo do texto também pode apresentar erros em relação a sequência gráfica, juntando palavras (ocachorro ao invés de o cachorro) ou separando.
  • Frases muito grandes sem parágrafos. 

2. Dificuldade em organizar as ideias

As crianças com disortografia ao explicar uma regra gramatical isolada a fazem com precisão. Mas, ao fazerem a aplicação acabam cometendo erros na precisão gramatical.

3. Dificuldade em organizar as ideias

Esta é mais uma das características fortes da disortografia, pois a criança tem dificuldade em produzir um texto escrito. Geralmente, produz textos sem muita sequência lógica com ideias bagunçadas.

4. Dificuldade de pontuação

A criança com disortografia apresenta textos com pouca ou nenhuma pontuação. Há certos casos de textos feitos com a utilização de diferentes sinais de pontuação, mas isso em indivíduos mais velhos.

Além da caligrafia que pode ser ilegível, as letras de forma (bastão) e cursivas podem ser misturadas. Ressaltando também, que o ato motor da escrita é mais lento e trabalhoso.

Qual a diferença entre disgrafia e disortografia

Esses dois tipos tem certa diferença, porém sutis. A saber, a disgrafia é considerada na criança que tem um problema funcional motor na escrita. Apresenta caligrafia irregular, dificuldade na motricidade fina e coordenação.  Por outro lado, a disortografia difere na formulação e codificação da escrita.

Tratamento da criança com Disortografia

A criança com disortografia deve ser avaliada por especialistas em Dificuldades de Aprendizagem, como fonoaudiólogos, neuropsicólogos e psicopedagogos. É crucial que os pais e professores discutam o assunto e, em acordo mútuo, busquem a assistência desses especialistas.

A avaliação da criança pode ser realizada por meio de estímulos formais à leitura e à escrita, embora os sinais de disortografia possam ser percebidos, o que desencadearia a avaliação. Com um diagnóstico em mãos, a próxima etapa envolve a reeducação e treinamento frequente das competências fonológicas. Além disso, a melhoria da organização do ambiente de escrita e o desenvolvimento de habilidades sensório-motoras, que antecedem a escrita, podem ser abordados com a ajuda de terapeutas ocupacionais.

As sessões de tratamento devem focar na estimulação multissensorial da criança para garantir uma intervenção eficaz. O sucesso do tratamento pode ser maximizado quando a intervenção é realizada o mais cedo possível. Além disso, a avaliação deve ser realizada em colaboração com a família e a escola

Os subgrupos da Disortografia

Disortográficos temporais:

De acordo com o Instituto de Apoio e Desenvolvimento as crianças que apresentam disortografia temporal tem dificuldades na percepção fonética na hora da fala, por exemplo.  A linguagem falada é a tradução, ordenada e separada dos seus elementos, sendo assim, substituem, juntam, ou separam as palavras de forma incorreta.

Perceptivo-cinestésicos: 

Os indivíduos com esse subgrupo apresentam dificuldade na repetição dos sons que são ouvidos.

Cinéticos: 

Cinéticos tem dificuldades no discurso, visto que isso o influência a erros de união e separação de letras, sílabas e palavras.

Caráter viso espacial: 

Há nesse grupo a dificuldade de percepção dos grafemas, com inversões da letra (p-b), substituições de grafemas idênticos como o (m-n) e desordem e confusão de caracteres com dupla grafia (ch-x).

Dinâmicos:

Alterações na escrita e a organização das ideias.

Semânticos:

Dificuldades no uso de sinais ortográficos.

Culturais:

Dificuldades ao aprender a ortografia convencional.

Caso queira acessar o estudo que aborda as dificuldades permanentes de aprendizagem na escrita, basta clicar aqui.

Quais são os fatores de risco para disortografia?

Existe uma predisposição genética para essa dificuldade, ou seja, quando membros da família apresentam disortografia, pode haver uma tendência na família. Por esse motivo, é importante realizar um mapeamento e entender o histórico familiar para compreender a criança.

Além disso, fatores neurológicos ou lesões podem desempenhar um papel. Se houver disfunções em áreas do cérebro relacionadas à integração auditiva e visual, por exemplo, a escrita pode ser afetada.

Também é importante considerar o seguinte:

  • A dislexia é um fator que pode influenciar negativamente na escrita, uma vez que a dificuldade de segmentação pode estar relacionada à disortografia.
  • Atrasos no desenvolvimento da linguagem: Geralmente, quando há atrasos na linguagem, o desenvolvimento da criança pode estar abaixo do esperado. Crianças com atrasos na linguagem têm um risco maior de desenvolver disortografia.
  • Ambiente de aprendizado: Tanto o ambiente educacional quanto o ambiente residencial devem ser considerados. A falta de estrutura para a criança, bem como o excesso de exposição a telas, podem ser problemas. Quando as crianças deixam de brincar e se tornam dependentes de eletrônicos, seu desenvolvimento pode ser afetado.

A falta de estrutura educacional faz com que o quadro piore, pois pode aumentar o risco uma vez que os conteúdos não estão sendo assimilados por ela.

  • Fatores socioeconômicos. Uma criança com menos condições financeiras pode acabar tendo menos oportunidades de vivência corporal/educacional. Mas, isso não quer dizer que uma criança que é considerada baixa renda não aprenda ou desenvolva disortografia, uma vez que o desenvolvimento como um todo depende do que é ofertado a ela, podendo usar criatividade.
  • Fatores emocionais. Quando a criança está exposta a estresse, tem uma baixa autoestima, frustração, entre outros, o problema pode ficar mais aparente.

Importância do tratamento e intervenção

Considerar as demandas individuais de uma criança na intervenção faz com que ela tenha recursos e estratégias para se desenvolver. Assim, as atividades para criança com disortografia serão direcionadas de forma única a melhorar o desempenho. 

A abordagem é feita de forma multidisciplinar, analisando caso por caso e sentindo a necessidade de cada profissional, bem como o apoio escolar. 

Quando falamos em tratamento, a família é parte desse processo, uma vez que ela estará na linha de frente para o desenvolvimento desta criança. A qualidade de ensino é importante neste caso, bem como da repetição. Paciência e afeto contribuem positivamente neste processo.

Disortografia tem cura?

A disortografia não tem uma cura definitiva, mas, sendo uma dificuldade que se apresenta na infância, com o tratamento e intervenções apropriados, pode tornar-se quase imperceptível na fase adulta. Portanto, enfatizamos a importância do tratamento direcionado e precoce.

Por meio de atendimentos focados na consciência fonológica, treinamento de caligrafia e fala, desenvolvimento de habilidades que antecedem a escrita, e a utilização de estratégias, é possível facilitar a vida adulta. A memória visual é uma aliada valiosa, pois, quando na vida adulta se tem registrado como escrever uma palavra, é apenas uma questão de buscá-la na memória, o que torna o processo mais fácil. No entanto, é importante lembrar que essa é apenas uma das estratégias.

Cada criança e cada profissional trabalharão em conjunto para alcançar o melhor desempenho e autonomia para o indivíduo. Portanto, é fundamental procurar profissionais adequados.

Os desafios escolares aparecem com frequência alta, mas é preciso saber lidar com a situação para que não interfira no desenvolvimento interno da criança.

E para conhecer mais sobre alfabetização e letramento, confira clicando aqui.

Susan Scarpelli
Mestranda em Educação. Graduada em Terapia Ocupacional, psicomotricista e especialista em neuropediatria. Além disso, possui Certificação Internacional de Integração Sensorial. É idealizadora e fundadora do Criando Infância.
3 comentários
  • Responder

    olá, sou mãe de um menino de 8 anos e está a fazer a 3ª classe, mas meu menino já estuda desde os 6 anos e antes disto ele já teve vários professores, mas não consegui aprender a ler nem escrever, mas é um menino muito inteligente faz resumos de filmes bonecos de grande gabarito tem uma memória fotográfica muito boa, mas não lembra do que é dado em sala de aula.

    • Responder

      Boa noite! Que bom que você chegou até aqui!
      Há várias questões a serem vistas: seu filho tem algum diagnóstico? Tem auxílio em sala de aula para possíveis dificuldades e também para ver qual meio mais fácil dele aprender? Ele passa por atendimento com especialistas?

    • Responder

      Olá. Você já procurou auxílio profissional?

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