Seletividade alimentar: O que é, como tratar, como diagnosticar?

A seletividade alimentar é um transtorno que vem ganhando espaço no mundo infantil. Também conhecida como TARE (Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo), muitas vezes é confundido com recusa alimentar. Confira no artigo abaixo essas diferenças e mais sobre o assunto.

O que é seletividade alimentar?

É um transtorno incluído no DMS V (Manual de Diagnóstico e Estatísticos dos Transtornos Mentais) substituindo o então TAS (Transtorno Alimentar Seletivo) e tem como principal característica a seleção de alimentos, tratando os com rejeição. Principalmente nas crianças, a seleção pode se caracterizar com alimentos crocantes, alimentos líquidos, alimentos pastosos, entre outros. Ele pode ficar somente na fase infantil ou seguir para a vida adulta.

Em casos como o de crianças e/ou adultos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) é extremamente comum apresentarem a seletividade, logo, é tratada desde a infância com a ajuda dos profissionais corretos. O que acontece é que quando acontece a seletividade, a criança, por muitas vezes, acaba se privando de alimentos que são essenciais para o seu desenvolvimento. Entra como característica do transtorno além da seletividade e rejeição, o desinteresse pelo alimento.

Vale ressaltar que a recusa é um comportamento típico da criança na primeira infância, portanto, é importante analisar e ficar atento até onde isso é da idade ou um distúrbio. Cerca de 30% das crianças com desenvolvimento típico possui a seletividade.

Sintomas do TARE

Desinteresse na hora da alimentação na seletividade alimentar.
O desinteresse pelo alimento está presenta na seletividade alimentar (Foto ilustrativa).

Pessoas com seletividade alimentar se colocam na posição de evitar ou restringir os alimentos, além de encaixarem em uma das situações:

  • Dependência de alimentação suplementar nutricional oral ou enteral, ou seja, feita por sonda alimentar.
  • Crescimento inadequado para a sua idade.
  • O psicossocial da criança pode apresentar alterações.
  • Deficiência de nutrientes.

Esses sintomas podem levar a exclusão social, pela não participação em refeições em grupo e a deficiências nutricionais fatais. É muito comum relatos de ânsia na criança.

Importante ficar atento com a frequência que a criança pede determinado alimento, assim como a aversão sistemática, levando até a um pico de estresse.

Diagnóstico do TARE

Não é pela falta de inserção dos alimentos na infância e nem pela pratica cultural da família, é um problema orgânico tratável e tangível de melhora que traz malefícios se não cuidado. Falado dos sintomas, pode se falar no diagnóstico, sendo clínico e analítico.

Nos exames clínicos será possível analisar se há faltas de nutrientes no corpo e também qual é a curva de crescimento dessa criança, se há falhas nesse desenvolvimento.

Analisando será possível perceber as alterações psicossociais, se a criança evita estar perto dos amigos pelo alimento.

Como tratar a seletividade alimentar?

O tratamento deve ser feito de forma paciente e precisa. E a maior parte dele é feito em casa. Quando crianças, o alimento precisa ser oferecido a ela, porém não insistir é um benefício neste caso, afinal insistir pode causar traumas na vida dela.

Uma das dicas dos psicólogos é criar um diário das emoções referente aos alimentos. Ele pode ser feito da maneira como ela quiser e deve se anotar o que ela sente ao comê-lo e também imaginar como seria como outro alimento, um que não seja de sua dieta.

Continuando na linha emocional, de forma alguma compare a sua criança com TARE com outra que tem uma dieta diferente. Isso pode afetar o seu psicológico.

O tratamento para a seletividade requer paciência de todos os profissionais.
O tratamento para o TARE requer paciência (Imagem ilustrativa).

Todavia, a paciência é o melhor canal para ajudar a sua criança. Leve a nas terapias que forem necessárias e não imponha que a mesma coma o alimento que o seu cérebro rejeita. Use a criatividade na hora de tentar colocar novos alimentos à mesa e também inserir outros.

O psicólogo comportamental ajudará a remanejar esse comportamento de não gostar do alimento, o fonoaudiólogo ajudará nas texturas e densidades através do lúdico e o terapeuta ocupacional como trabalha com atividades de vida diária e integração sensorial, poderá ajudar com uso de diferentes estímulos táteis para a inserção destes alimentos. E o nutricionista cuidará da parte nutricional propriamente dita para não deixa-lo com déficits no organismo.

Seletividade alimentar no TEA

No TEA, é extremamente comum as crianças/adolescentes apresentarem este transtorno. Não se sabe ao certo o motivo, mas como eles tem um interesse restritivo por tudo além de um comportamento repetitivo pode ser um fator. Neste caso, os profissionais terão uma importância enorme, pois estamos falando de algo neurobiológico.

Cerca de 80% das crianças com autismo trazem um distúrbio de processamento sensorial, o que impacta diretamente na alimentação, pois o cérebro não está organizado para receber tal alimento, e então um comportamento inadequado acontece. É habitual que eles sejam crianças esquivas da comida, ou seja, nem se quer pegam na mão para sentir a textura.

Como diferenciar?

Na seletividade alimentar as crianças costumam comer mais de trinta alimentos, conseguem tolerar eles no prato assim como tocá-los, e tem uma rotatividade. Já no seletivo extremo consome menos de 20 alimentos, apresenta comportamentos de fuga nas situações alimentares, não aceita formas de apresentação do alimento.

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Susan Scarpelli
Mestranda em Educação. Graduada em Terapia Ocupacional, psicomotricista e especialista em neuropediatria. Além disso, possui Certificação Internacional de Integração Sensorial. É idealizadora e fundadora do Criando Infância.
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