Apraxia da fala: Sintomas, o que é, qual tratamento

Apraxia da fala, descubra quais os sintomas, o que é, qual o melhor tratamento.

A apraxia da fala pode facilmente ser confundida com TEA se não analisado em detalhes os sintomas. O seu principal sintoma está na dificuldade de organizar a fala.

O que é apraxia da fala

Caracteriza-se especificamente como um distúrbio motor na fala, o que significa que a criança tem dificuldade em planejamento da sequência e programação, o que resulta em erros na produção dessa fala. As crianças com esse diagnostico trazem também a desorganização no espaço inseridas, é uma questão de desorganização ampla.

Entretanto, para a apraxia da fala há dois pontos extremos onde o resultado é o mesmo (a dificuldade na fala).

O primeiro perfil de crianças com apraxia da fala que são quietas, vistas como pequenos frágeis, onde desde a gestação eram quietos motoramente e enquanto bebês não balbuciaram muito. Uma criança que com dois anos ainda não reproduz pequenos sons como “papa”, “mama”, “au au”.

Já num segundo perfil vimos crianças mais agitadas desde o período intra uterino. Enquanto bebês foram chorões, agitados, procurando movimento o tempo todo.

Mesmo tendo estes dois perfis, não quer dizer que uma criança necessariamente se aplica a eles. Ela pode ser uma criança com desenvolvimento típico para todas as vertentes, mas na linguagem e comunicação não.

Sintomas apraxia da fala

A apraxia da fala é um distúrbio motor (Imagem de divulgação).

Consideramos aqui os sintomas desse distúrbio. Uma criança com apraxia da fala pode apresentar uma fala rápida e desorganizada, onde não se entende grande parte desse repertório. Ou uma criança que enfatiza geralmente as vogais e o final das palavras. Por exemplo, a palavra “baleia” sairia como “aeia”. Ou então, “gato” seria “ato”.

O seu repertório é limitado em vogais e/ ou consoantes, não há uma formação fonética corretam e a compreensão se torna precária. Conforme maior número de palavras (ou seja, complexidade) mais o número de erros se apresenta. O cérebro até entende o que a criança quer falar, porém a parte motora oral e organização dessa musculatura cerebralmente não consegue realizar um trabalho correto.

É comum ver um tempo maior de preparação da palavra, isso porque a criança precisa se planejar para formar a palavra. E muitas vezes consegue falar uma vez a palavra e depois não mais. Elas procuram os pontos articulatórios, então também se torna comum que ela fale “cola”, “tola” até chegar em “bola”.

Além da dificuldade em planejamento oral, há uma dificuldade em planejamento global, ou seja, a coordenação motora global e fina, equilíbrio, organização espacial (apraxia global) são prejudicados, mas não em todas! Para que a fala aconteça de forma fluída existe um processo cerebral, controle da fala e mecanismos específicos, o que no caso da apraxia da fala há uma falha e estes não conseguem se integrar. Isso explica o fato das crianças ficarem irritadas, pois elas tem consciência do que querem expressar, mas não conseguem.

Por este motivo, é necessário procurar os profissionais corretos para fazer diagnostico e o tratamento.

Como é o tratamento e diagnostico

É comum que a primeira visita seja a um pediatra. Esse por sua vez deve encaminhar a um neuropediatra até que chegue a um fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Estes dois profissionais são os mais importantes, pois o fonoaudiólogo tratará da parte fonética e articulatória, enquanto o terapeuta ocupacional trabalhará a parte de organização cerebral através da Integração sensorial. É indispensável que seja um terapeuta ocupacional com especialidade em integração sensorial.

Recomenda-se que de imediato seja feitas mais sessões de terapia ocupacional. Por quê? Porque será nessas sessões que o cérebro começará a se organizar melhor, planejar e executar todos os movimentos, incluindo a fala. A fonoaudiologia deverá ser feita em conjunto. Passado um tempo, estes papeis se invertem, onde a fonoaudiologia entra como principal e a terapia ocupacional como secundário, afinal o cérebro já se organizará com mais facilidade e a fonoaudiologia precisa trabalhar para que não se tenha erros na fala.

Não existe um tempo de tratamento para o caso, pois há crianças com apraxia da fala que desenvolvem a fala em três meses e outras que levam anos. Cada caso é um caso.

Mesmo se tratando de uma apraxia pura é difícil falar se a criança falará tudo até a sua vida adulta. O que se sabe é que com as terapias o potencial de desenvolvimento da fala é gigante, levando em consideração os níveis de cada um. Quando se tem apraxia associada com outra patologia ou distúrbio é um desafio ainda maior, chegando a muitos casos precisar de comunicação alternativa.

Quanto mais cedo o diagnóstico mais as chances de aproveitamento das terapias.

Diferença entre apraxia da fala e TEA

A comunicação na apraxia da fala é prejudicada (Imagem ilustrativa).

O que acontece com muita frequência é a confusão entre estes dois diagnósticos. Isso ocorre porque uma criança com apraxia da fala traz alguns sintomas parecidos com o TEA, tendo a falta de comunicação como ponto principal. O interesse e exploração na criança com apraxia da fala nem sempre é funcional, o que também traz uma interrogação para o diagnostico.

Ela não consegue se expressar muito bem, isso causa frustração, o que leva a um comportamento inadequado, vistos como birra. Muitas vezes uma criança tenta falar que quer uma bola e não consegue. Isso para ela é tão difícil de gerir que ela ao invés de apontar para a bola se joga no chão e grita. É também um ponto.

O que se vê nos dois casos é que a apraxia da fala tem um ganho rápido em habilidades e mantém o ganho, depois de um tempo tem outro pico de novas habilidades e mantém o ganho novamente. Já no autista esse ganho de habilidades é mais constante e não em picos, o que não quer dizer que não ocorre.

Dia a dia clínico com crianças

No dia a dia clínico da terapia ocupacional é visível que as crianças trazem a apraxia global. Portanto, as atividades que são mais refinadas (como a fala e a escrita) desenvolvem-se com mais dificuldade. São crianças desorganizadas no ambiente, podendo ser mais esquivas ou exploradoras, porém ambas com problema na exploração com função.

O início do tratamento deve ser simples e conforme se tem evolução, a complexidade aumenta.

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Susan Scarpelli
Mestranda em Educação. Graduada em Terapia Ocupacional, psicomotricista e especialista em neuropediatria. Além disso, possui Certificação Internacional de Integração Sensorial. É idealizadora e fundadora do Criando Infância.
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