Integração sensorial de Ayres para o desenvolvimento infantil

A integração sensorial de Ayres ficou conhecida no mundo todo por melhorar o desenvolvimento das crianças com dificuldade de aprendizado. Contudo, hoje ela é uma importante técnica para as crianças com disfunções neurológicas exercida pelo terapeuta ocupacional.

Quem foi Jean Ayres?

Jean Ayres foi quem desenvolveu o tratamento da integração sensorial (IS). Ela era psicóloga institucional e terapeuta ocupacional.  Criou uma série de testes para identificar crianças com problemas relacionados à técnica. Atualmente, esses testes são conhecidos como Testes de Integração Sensorial e Práxis, ou simplesmente, SIPT. Estudos de casos foram publicados ao longo de trinta anos, além de ensaios clínicos.

O que é a integração sensorial de Ayres?

A técnica baseia se na organização e processamento dos estímulos recebidos do ambiente, assim dando uma melhor resposta adaptativa no local inserido. Todas essas respostas do processamento sensorial são usadas para o social, atenção, concentração e principalmente desenvolvimento de habilidades motoras.

O nosso cérebro entende que precisa receber a informação do ambiente por meio de uma via sensorial e assim registrar, processar, modular e responder adequadamente. Todavia, quando a resposta que se tem não é eficaz há uma desordem em Sistema Nervoso Central (SNC). Dessa forma, a desordem impede que habilidades simples sejam aprendidas e interfira no desempenho da criança, seja em âmbito escolar, familiar, social. Destaca-se que muitas questões emocionais são de base sensorial, através de alterações em sistemas.

Quais são os nossos sentidos sensoriais?

Sete sentidos sensoriais
Sete sentidos sensoriais (Imagem de ilustração).

O sistema sensorial é um conjunto de órgãos responsáveis por captar as informações externas. Eles são receptores. Os mais conhecidos são: Tátil (pele), gustativo (língua), olfativo (nariz), auditivo (ouvidos) e visão (olhos).

A visão interpreta e detecta luz e imagem; audição reconhecimento e percepção dos sons; gustativo informações do paladar; olfato é o odor e o tátil a percepção de temperatura, tamanhos, formas, pressão.

Entretanto, há dois sistemas pouco falado, mas de extrema importante para a integração sensorial: proprioceptivo e vestibular.

De uma forma resumida, o proprioceptivo é o responsável por criar a nossa imagem corporal interna, permite que o indivíduo mapeie o seu corpo (por posição, localização ou orientação) através dos receptores proprioceptivos, ativados através de pressão corporal profunda e vibração. Permite também identificar qual a força muscular exercida e movimento das articulações; tudo isso de olhos fechados.

Contudo, o sistema vestibular é o responsável pela atenção, equilíbrio e organização da cabeça no espaço relativo a gravidade. Ele é um conjunto de órgãos que se localiza dentro do ouvido interno. O balanço, a gravidade, distância e posição do corpo são identificadas por ele.

Importância da integração sensorial no desenvolvimento infantil

A integração sensorial e as crianças tem ligação íntima, pois se o seu cérebro trabalha de forma integrada, a interação do mundo acontece com facilidade, bem como o aprendizado. Esse aprendizado é uma soma de processos neurobiológicos que precisam estar em perfeito funcionamento. O comportamento da criança é uma resposta adaptativa, logo se baseia nos conceitos sensoriais.

O cérebro precisa trabalhar em uma linha constante desse processo neurobiológico para responder ao ambiente. Dessa forma, há muitas crianças que, por algum motivo, trabalham acima ou abaixo dessa linha. É o que chama de hiporrenponsivos e hiperresponsiveis.

Enquanto os hiporresponsivos são intensos, os hiperresponsiveis se esquivam dos estímulos. Um adora correr, movimentos intensos, comidas intensos, morde os colegas, demora para reconhecer o machucado, já o outro se esquiva de beijos e abraços, de texturas em geral, tem medo de altura.

Integração sensorial de Ayres
Integração sensorial (Ilustrativa).

Sinais de possível Transtorno de Integração Sensorial

Quando o trabalho cerebral está desorganizado temos um transtorno de integração sensorial, portanto é importante ficar atento aos sinais:

  • Atraso na fala e linguagem.
  • Atraso na escrita.
  • Criança muito agitada ou muito quieta.
  • Dificuldade em planejamento motor (planejar o que quer fazer, ser “estabanado”).
  • Criança que não aceita desafios na escola, que prefere ficar sozinha.
  • Coordenação motora e equilíbrio falhos.
  • Crianças que gostam excessivamente dos movimentos dos parques ou tem aversão à eles.
  • Pobre reconhecimento tátil (aquela criança que não percebe que alguém lhe tocou ou se suja ao tomar um sorvete) ou que não gosta que a toquem.
  • Necessidade de passar a mão em todas as texturas que vê.
  • Dificuldade de acompanhar tarefas na escola.
  • Criança desatenta ou atenta a todos os detalhes sem eficácia.

Dicas para aumentar alerta sensorial

Se a sua criança tem uma alerta baixa e não consegue trabalhar em uma linha constante de estímulos organizados, logo precisa melhorar a alerta sensorial.

  • Todas as tarefas que exigem das articulações valem a pena ser feitas, tais como: empurrar carrinho no mercado, puxar uma caixa de mantimentos, empurrar seu corpo sobre a parede, brincadeira de cabo de guerra.
  • Atividade de circuito sensorial onde envolva pulos, equilíbrio, coordenação, obstáculos.
  • Temperaturas frias, em texturas no corpo e na alimentação.
  • Escovação rápida no corpo da criança, trazendo o toque profundo. Pode unir com movimentos de rotação.
  • A música é muito relevante. As notas mais baixas, frequências mais baixam podem melhorar o movimento, enquanto as de notas mais agudas melhoram atenção.

Terapia Ocupacional e ambiente terapêutico

Portanto, é o profissional de terapia ocupacional o responsável por atuar na área de integração sensorial, por meio de uma sala com equipamentos suspensos (obrigatórios na técnica). Oferece os estímulos necessários de forma lúdica e por vezes guiada em equipamentos: trapézio, balanço horizontal, vertical através de elásticos de tração, escorregador, tirolesa, piscina de bolinhas, banco de equilíbrio, redes, entre outros. Eles devem promover diferentes experiências para tal criança.

Mediante certificação internacional, o profissional tem contato detalhado com protocolos que serão utilizados na avaliação de uma criança, sendo eles: SIPT, Perfil Sensorial, observações estruturadas do desempenho motor em relação aos sistemas sensoriais e Medida de Processamento Sensorial (SPM).

Qual a indicação para tratamento?

O tratamento pode ocorrer nas mais diversas situações de disfunção neurológica, ou seja, crianças e adultos com distúrbios comportamentos (por exemplo: TDAH, autismo), disfunção sensorial e distúrbios neurológicos (por exemplo: síndrome de Down, Paralisia Cerebral, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor).

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Susan Scarpelli
Mestranda em Educação. Graduada em Terapia Ocupacional, psicomotricista e especialista em neuropediatria. Além disso, possui Certificação Internacional de Integração Sensorial. É idealizadora e fundadora do Criando Infância.
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