Integração Sensorial e Desempenho Escolar: Benefícios e Evidências
A Integração Sensorial tem ganhado destaque como uma abordagem eficaz no contexto educacional, especialmente para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mais do que um conceito técnico, ela representa um caminho real para melhorar o engajamento, a atenção e o aprendizado. Mas afinal, o que a ciência tem a dizer sobre isso? A seguir, reunimos evidências e práticas validadas para entender como o corpo e os sentidos se conectam com o desempenho escolar.
O que é Integração Sensorial?
Segundo Jean Ayres, idealizadora da teoria, a integração sensorial é um processo neurológico que organiza as sensações vindas do corpo e do ambiente, permitindo a adaptação efetiva do indivíduo. Quando esse processo apresenta falhas, a criança pode reagir de forma desproporcional a sons, luzes, texturas ou movimentos, prejudicando sua capacidade de focar, participar e aprender em contextos escolares.
Essa organização sensorial é a base para o desenvolvimento de habilidades motoras, sociais e cognitivas. Quando integrada ao cotidiano escolar, favorece a autorregulação e a permanência do aluno em sala, aspectos frequentemente abordados nos conteúdos sobre organização do ambiente educacional já discutidos aqui no blog Criando Infância.
Alta prevalência em crianças com TEA
Estudos como o de Tomchek & Dunn (2007) apontam que entre 80 a 95% das crianças com TEA apresentam disfunções no processamento sensorial. Essa condição interfere diretamente no nível de alerta, na regulação emocional e na capacidade de interação social, refletindo-se no desempenho escolar.
A dificuldade em processar estímulos pode gerar comportamentos de esquiva, agitação ou desconexão do conteúdo escolar. Nesse sentido, compreender o perfil sensorial do aluno é fundamental para planejar uma rotina que favoreça seu engajamento — algo que reforçamos em nossos conteúdos sobre práticas de regulação sensorial em sala de aula.
O olhar do professor
Para Momo e Silvestre (2011), o uso de estratégias sensoriais contribui para o planejamento pedagógico, a adaptação dos ambientes educacionais e a aplicação de abordagens individuais e coletivas. Essa perspectiva fortalece o papel do professor como mediador ativo na criação de um espaço de aprendizagem regulador e acolhedor.
Veja recursos sensoriais que podem ser usados em sala de aula clicando aqui.
É importante destacar que muitos educadores relatam insegurança diante das demandas sensoriais de seus alunos. Por isso, a formação continuada e a articulação com terapeutas ocupacionais são caminhos possíveis para garantir intervenções mais efetivas, como vimos no artigo “Simples adaptações que transformam a sala de aula”.
Evidências de eficácia
Uma série de estudos relatam resultados positivos com a aplicação da Teoria de Integração Sensorial de Ayres no contexto escolar. Smith-Roley, Bissell e Clark (2015) destacam que o uso estruturado de recursos sensoriais melhora significativamente o comportamento, a atenção e a participação nas atividades escolares.
Essas evidências também dialogam com os relatos que recebemos de profissionais da educação infantil que participaram dos nossos workshops. A experiência prática confirma o que a teoria defende: quando a criança se sente segura sensorialmente, ela aprende melhor.
Recursos sensoriais que funcionam
As estratégias sensoriais mais bem avaliadas pela ciência incluem:
- Uso de assentos diversos, como bolas terapêuticas e discos proprioceptivos;
- Pausas sensoriais programadas, que ajudam a manter o nível de alerta e a concentração;
- Adaptação do ambiente escolar, com redução de ruídos, iluminação indireta e espaços mais organizados visualmente;
- Parques e salas enriquecidas sensorialmente, com equipamentos de movimento e materiais táteis.
Essas práticas não apenas favorecem o desempenho acadêmico, mas promovem bem-estar, autonomia e maior engajamento. Inclusive, muitas dessas sugestões estão detalhadas em nossos materiais sobre criação de ambientes sensorialmente amigáveis, já disponíveis no blog.
Conclusão
A integração sensorial é muito mais do que uma intervenção terapêutica. Quando aplicada de forma colaborativa entre professores e terapeutas, torna-se uma poderosa aliada da educação inclusiva. A ciência confirma: corpo regulado, mente preparada para aprender.
Quer saber mais? Assista ao vídeo completo sobre este tema no canal Criando Infância E entre no grupo do WhatsApp para receber novos conteúdos semanalmente!